domingo, 27 de junho de 2010

O dia que o apito ocultou o futebol

Após dois jogos de tirar o fôlego, é triste que os comentários pós-jogos sejam a respeito da arbitragem, e não relacionados com os golaços e belas jogadas que testemunhamos hoje na Copa da África. Mas a verdade é que no dia 27 de junho de 2010, no Free State Stadium, em jogo válido pelas oitavas de final da Copa do Mundo, o árbitro uruguaio Jorge Larrionda cometeu um dos maiores e mais absurdos erros já vistos na história das copas. Erro de significância comparável com o gol de mão de Maradona encima da Inglaterra em 1986. Mais tarde, no Soccer City, o italiano Roberto Rossetti também faria feio. Vamos por partes.

Alemanha 4 x 1 Inglaterra

No início da partida, a Alemanha simplesmente não tomou conhecimento da quadrada Inglaterra. Tocava, chutava e chegava como queria. E fez dois gols com extrema facilidade. Poderia ter feito pelo menos mais dois, mas pecou nas finalizações. Mas bastou o goleiro Neuer mostrar que de Oliver Kahn ele não tem nada, e Upson diminuiu de cabeça. Um gol "achado" pelo time inglês, que até então não fazia nem idéia qual era a cor da Jabulani. Dois minutos depois, Lampard encobre o goleiro alemão. Golaço. Sensacional. Os narradores todos gritam gol. Os ingleses comemoram. Os alemães lamentam. Mas Jorge Larrionda e seu auxiliar não marcam o gol que mudaria a história da partida. Se um gol incendiou a Inglaterra, imagine dois. Mas não. Segue 2 x 1 Alemanha, fim de primeiro tempo. Um absurdo.

Na volta para o segundo tempo, a Inglaterra continuou encima. Pressionou, meteu bola na trave. Mas os alemães são muito rápidos, habilidosos e criativos. Aproveitaram os dois contra ataques que tiveram, decretando a goleada. Uma bela atuação da Alemanha no melhor jogo da Copa, mas que infelizmente ficará marcado pelo absurdo que deveria render a Larrionda o fim da profissão de soprador de apitos.

Argentina 3 x 1 México

Conforme previsto, a Argentina teve alguns problemas com o México. Tomou bola na trave, teve bola raspando seu gol e estava acuada. Porém, aos 25 minutos, Tévez dividiu com o goleiro Perez, Messi pegou o rebote, achou Tévez completamente e absurdamente impedido, que colocou para o fundo do gol. O impedimento foi tão escandaloso que o auxiliar Stefano Ayroldi, que estava muitíssimo bem colocado e não tinha como não ver a posição de Tévez, parece que foi informado na mesma hora através de seu ponto que ele havia mudado a história de uma partida de forma grotesca. Ao ser cercado pelos mexicanos, ele pouco deu importância para o árbitro da partida e parecia conversar com pessoal de fora, olhando para o vazio. Cena impagável.

O México desmoronou. A ponto de Osório assustar-se com Messi, que estava à metros de distância, e dar a bola de graça para Higuaín abrir 2 x 0. Tévez ampliou com um golaço que machucou até a Jabulani. O México descontou, mas parou por aí. Outra boa partida dos comandados de Maradona, entretanto Messi não jogou como de costume. Mas nem precisou, o árbitro resolveu ajudar los hermanos.

Teremos agora a reedição a final da Copa de 1990, onde prevaleceram as retrancas e o pragmatismo com a bola. Desta vez, ambos vem com mentalidade diferente: jogam pra cima, sempre em busca do gol. Será um jogo e tanto. Alemanha 3 x 2 Argentina, com decisão na prorrogação.

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