segunda-feira, 21 de junho de 2010

A guerra pessoal de Dunga


Quando o Brasil perdeu para a Argentina e deu adeus ao mundial de 1990, os críticos trataram de eleger um responsável pelo fracasso: o meia Dunga. Não tenho nem idéia do que é ser eleito pelo seu país como protagonista de uma desgraça, mas suponho que é no mínimo traumatizante. Para Dunga com certeza foi, tanto é que o técnico continua em sua cruzada contra a imprensa. O episódio de ontem foi exemplo clássico de um sujeito traumatizado pelas críticas: bastou Alex Escobar balançar a cabeça negativamente que Dunga saiu do sério, a ponto de ignorar as outras perguntas e ficar olhando fixo para Escobar, repetindo: "merda, tú é um cagão". Qualquer sinal de desafio ou questionamento que Dunga enxerga em seus inimigos dá início a um round de pacandarias verbais.

Eu respeito o desgosto que Dunga tem pela imprensa, pois nunca saberei como ele se sentiu em 1990. E concordo com o treinador quando ele diz que a imprensa muitas vezes é maldosa, tenta plantar informações e coisas do tipo. Porém, Dunga tem de lembrar que seus problemas pessoais não podem ser misturados com seus atributos profissionais. Durante os quase quatro anos que ele está no comando da seleção, ele usa suas coletivas com intuito de descontar todo seu rancor para cima de jornalistas que não tem nada a ver com o que houve em 1990. E vale lembrar que em 1994, esta mesma imprensa o elegeu como o "capitão do tetra" e o colocou com símbolo de raça e liderança da seleção brasileira.

Em 1998, Cafú foi vaiado e ofendido por mais de 100 mil pessoas no Maracanã, o que levou sua família às lágrimas no estádio. Quando o lateral levantou o troféu da FIFA em 2002, ele disse para o mundo inteiro: "Regina eu te amo". Já Dunga fez questão de xingar meio mundo quando ergueu o caneco em 1994.

A seleção brasileira não é palco para Dunga realizar sua jihad contra a imprensa. Aceitar as críticas e escutar besteiras fazem parte do cargo mais cobiçado do meio esportivo: o de técnico da maior seleção do mundo.

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